Médico Cubano, que retornou a seu país, diz que sua maior saudade do Piauí é do povo que fez ele ficar bem

Alexis conta como foi seu encontro com o ex-presidente Lula durante evento em Teresina

Por Portal O Piauí em 23/11/2021 às 08:45:41

Fotos cedidas pelo médico cubano Alexis

O médico cubano Alexis Rodríguez Hung, natural de Holguín, cidade paradisíaca, de belas praias e muita beleza, concedeu entrevista exclusiva para o portal. Ele disse que não vê a hora de voltar ao Piauí. Atuou no Programa "Mais Médicos", de 2016 a 2018, no município de Beneditinos, na Grande Teresina, durante um ano. Após o período, foi remanejado para o Rio Grande do Norte.



QUAL SUA MAIOR SAUDADE DO PIAUÍ?

A minha consideração em relação às pessoas do Piauí é muito grande. Tenho muita saudade daquelas pessoas que ficaram interagindo com a gente, que sempre falavam: "Você é o máximo, é 10". Obrigado a todos. Graças a eles que a gente ficou bem por lá, no Piauí. Eles nos ajudaram muito, eles foram como a minha segunda família, eles cuidaram muito bem de mim. A fala era tudo voltado para o entendimento, tudo certinho. Sempre foram assim, acompanharam muito a gente. O povo do Piauí é muito parecido com o povo cubano. Aquele calor... aquilo de ficar sempre perto da gente na hora que você precisa. No Piauí, parece que a gente não sentiu tanto a saudade dos nossos parentes.



FALE UM POUCO SOBRE SUAS EXPERIÊNCIAS DE VIDA, COSTUMES, NOVAS AMIZADES, HISTÓRIAS NO PIAUÍ.

No tempo em que estive no Brasil foi muito bom. Todas as minhas experiências profissionais e de amizades que eu trouxe de lá, a maioria aconteceram na região Nordeste, principalmente no Piauí. No caso relacionado à questão do costume, digo o seguinte: Aquela cultura e a forma da alimentação, a tradição do churrasco, que também fazemos em Cuba, são encantadores. Lembro muito disso. Aquela questão das carnes de porco e de gado e da celebração sempre com cerveja. A tradição do milho verde eu achei muito interessante, muito bom, muito parecido com o nosso costume em Cuba.


PRETENDE VOLTAR A MORAR NO PIAUÍ OU SÓ VEM A PASSEIO?

Eu pretendo voltar para o Brasil, se for desejo do governo cubano, se eles nos mandarem novamente para lá. Quero sim voltar, mas ficar lá, só pelo tempo que o governo determinar, porque também tenho pessoas aqui que precisam da gente. Eu posso ir de férias, passar um tempo por lá, mas quero sempre voltar para Cuba. Esta é minha terra, mas para sempre vou levar as duas no meu coração - Brasil e Cuba.



O QUE É O PIAUÍ PARA VOCÊ?

Para mim, o Piauí é a minha segunda casa. Aquele povo que fez atendimento com a gente é a minha segunda família, a minha família do Brasil. Eu tenho muito que agradecer a vocês piauienses e brasileiros. Confesso que ainda hoje tenho saudade de tudo no Piauí, no Nordeste e no Brasil, um país lindo. Tudo o que tenho hoje tem a ver com o Piauí, com o Brasil, com vocês. Para mim, é bom, é o máximo, é 10! Eu apoio a causa de vocês 100%. Assim que precisar, conte com a gente. Para mim, o Piauí é a minha segunda Cuba. Muito amor!



QUAL SUA PERCEPÇÃO SOBRE O POVO PIAUIENSE?

Outra coisa que achei muito parecido no Piauí com Cuba foi a situação que vivenciei na igreja católica. É até engraçado porque lembro que uma vez assisti a uma missa em um domingo na catedral de Teresina. Aí todo mundo rezava a oração do padre, mas eu rezava a mesma missa só que em espanhol, porque o meu português não dava para falar tudo do jeito que vocês falam. Aí, o pessoal do lado olhava para mim como se tivesse falando "Oxente"!

Então, era engraçado porque a mesma coisa que o padre falava em português eu falava em espanhol. Mas tive que rezar toda a missa em espanhol, e acho que até o padre achou engraçado. Aí no final a gente falou com o vigário. Então, essa foi uma das vezes que tive a oportunidade de ter esse encontro religioso, cultural e, de certa forma, humorístico.



O QUE VOCÊ TEM A DIZER SOBRE A PAISAGEM DO PIAUÍ?

De forma geral, eu achei a cultura do Nordeste e do Piauí parecidas com a nossa cultura, que é a cultura do povo de tratar bem um forasteiro. O acolhimento no Piauí foi o máximo, foi 10. Eu achei também muito parecida a paisagem de lá com a nossa paisagem, e o clima também. Então, por isso que a gente ficou mais à vontade e não sentiu tanta saudade da nossa terra. Eu achei muito interessante. Geralmente, a gente acha que quando vai a outro país, o pessoal não está nem aí. Mas foi tudo o contrário. Nós cubanos, que ficamos no Piauí, sempre tivemos aquela opinião de que aí era a nossa segunda casa.


QUE COISAS DO PIAUÍ VOCÊ NÃO TROCARIA JAMAIS?

O que eu não trocaria do Piauí é o costume de vocês de ficar em família, de acolhimento sempre ao pessoal que chega de fora. Também, o hábito de vocês fazerem reuniões aos fins de semana, organizar esse encontro. As tradições religiosas que vocês têm. São muito parecidos com a gente. Por isso que ficamos à vontade no Piauí. Os piauienses são muito parecidos com a gente, entende?




O QUE LEVOU VOCÊ A VIR MORAR NO PIAUÍ?

O que nos levou a morar no Piauí foi, inicialmente, o chamado que o então governo Lula fez a Cuba, já que o Brasil precisava de ajuda médica. Então, aqui em Cuba, desde criança, somos ensinados que onde precisar, a gente vai e faz atendimentos. É um juramento médico que fizemos. Onde quer que tenha uma pessoa doente que o governo nos chame para prestar ajuda, a gente vai, sendo aqui ou em outro país. Aí a gente foi lá prestar ajuda pessoalmente. Achei interessante conhecer outra cultura, outro país, outro povo, e ter mais uma experiência de trabalho. Foi muito bom por essa parte. Além disso, o Brasil é muito lindo, tem muitas paisagens, uma cultura muito parecida com a nossa. Nós estudamos como eram vocês, e a gente achou que éramos muito parecidos, que ia dar certo. Então, decidimos morar lá por isso.



QUAIS AS LEMBRANÇAS E HISTÓRIAS MAIS MARCANTES QUE TEVE NO PIAUÍ?

Eu lembro quando cheguei ao Piauí. A primeira coisa que perguntei para as meninas da coordenação do programa Mais Médicos foi: "Tem praia aqui?". Elas ficaram sorrindo, e falaram que no município não havia praia. Aí a gente ficou um pouco triste com aquilo, porque aqui em Cuba tem praia demais. Então, foi a primeira coisa que eu tentei entender: como ia ser não enxergar uma praia, meu Deus? Imaginei que ia ser um pouco ruim, mas foi uma experiência muito boa.

Uma das experiências que tive lá foi quando conheci o ex-presidente Lula. Eu estava em Teresina com amigos que fazem parte do PT, então eles falaram que se eu quisesse, me levariam ao Teresina Hall, onde Lula estava. Lembro que foi em um domingo (visita de Lula a Teresina foi em setembro de 2017). Então, a gente foi. Eu, de início, não acreditava que o ex-presidente estava lá, mas deu certo. Ele estava muito contente. Aí estava todo mundo lá em cima do palco falando com ele, e eu estava embaixo na aglomeração com o público.

Até que uma pessoa da equipe de um jornal nos reconheceu, pois eu tinha falado que era do Programa Mais Médicos. Aí eles acharam que era interessante que eu falasse com o Lula. Então eu gostei. Aí logo que falaram da gente, fomos ao seu encontro, agradecemos pelo programa e passamos a nossa mensagem, a mensagem do povo cubano a Lula e ao PT, e que ele tem todo nosso apoio sempre. O encontro com o Lula foi muito bom.





Fonte: Portal O Piauí.com

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